sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dias que se lembram de nós


Devemos ter tido algo...
a julgar pelo aperto no coração e pelas lágrimas que prendo enquanto desvio o olhar
Há dias que se lembram de nós sem darmos por isso,
hoje, voltei ao nosso lugar quando alguém disse que ias casar...

Não, não sabia
e sim eramos amigos.
"ele deve ter pena de já não se dar contigo!", diz ela
"gostava tanto de ti...", continua
Mas isso já foi há muito tempo não foi? (respiro e num segundo estás de volta...)

Recordo o sumo de maçã que bebia na altura
aquele que nunca faltava em tua casa
assim como a salada de pimento que me fazias a cada vez que aí jantava,
só porque eu gostava muito (e ainda gosto...)

É nas pequenas coisas que vemos o carinho
é nos detalhes que se vê a perfeição
E tu eras fantástico.

Talvez por isso nunca tenha percebido quando disseste que não querias namorar comigo.
A frase, "amigos com intimidade" soou-me mal vinda de ti
Tu eras o meu melhor amigo e eu nunca antevi, nem percebi o porquê do primeiro beijo.
Dei-lhe significado. Valorizei-o.
Vindo de ti, para mim, só poderia dizer uma coisa...
Enganei-me.
E eu que nunca te tinha visto como tal, dei por mim a querer o que tu nunca quiseste
Daçamos uma valsa de mudos, onde os sons não ilustravam os gestos.
Mantiveste-te inexorável:
não querias namorar comigo...
(e eu que nos reconhecia o namoro só imperfeito por viver escondido e não falado...)
"Acho que palavras não poderão nunca descrever o carinho, a cumplicidade, a amizade, a partilha, a atenção, a compreensão, o Amor.
Só isso pode explicar os 9 meses de resistência em aceitar o teu simples "amigos com cumplicidade"
Tentativas feitas e ainda sem entender, insisti uma última vez, naquela que foi a banda sonora daqueles meses: Tens a certeza?
O nível de preocupação em fazeres-me entender o que para ti era claro e para mim impensável tornou-se inútil e eu parti.
Nunca gritámos um com o outro...
entre silêncios e falares de coração em tudo o resto nos entendiamos até sem olhar
Nunca pensei em como ficaste
Achei que bem, uma vez que a decisão foi sempre firme. e tua.
(agora que penso nisso reparo que não, porque por ti continuavamos a ser "amigos"...)

Parti decidida a encontrar alguém que me amasse por inteira
que me assumisse com vontade
Decidida a não ficar pela metade
Algum tempo depois...
encontrei.
Primeiro dia com ele e um telefonema teu:
"preciso conversar. Estás sozinha?"
...
Nove horas da manhã estava no teu sofá.
Lembro-me de estar encolhida, abraçada aos joelhos.
(Ainda é vermelho o teu sofá?)
Entre gaguejos e desvios de conversa acabaste por não me dizer nada,só um,
"quero que saibas que nunca te quis magoar."

Mais uma vez não percebi
...
Saí de lá com um aperto pior do que quando entrei
lembro-me dele até hoje
apetecia-me abanar-te e obrigar-te a dizer o porquê de me teres ligado às 5h da manhã!
...
Nada. Não me disseste nada...
Aquilo das desculpas e pronto.
Andei às voltas a bater com a cabeça nas paredes, continuava a achar que merecia mais
que merecia o tudo e corridas e cabelos ao vento e cair nos teus braços e dizeres "meu amor estás aqui..."
e eu teria estado... e ficado.
silêncio.
...
à tarde não suportando mais o impasse de não haver sequer impasse fui ter contigo outra vez
e de peito forte anunciei:
"Conheci uma pessoa que parece saber o que quer, faz-me rir e diz que gosta de mim
se não tens nada para me dizer então eu digo-te que lhe vou dar uma oportunidade de se dar a conhecer..."
Levantaste-te e disseste:
"O que te queria dizer já não interessa, mas posso-te dar uma carta que te escrevi..."

Para ti estava decidido. Para mim também teve de estar.
A tua carta começava:
"Descobrir hoje que te Amo é cruel..."
4 folhas escritas em letra miudinha que ainda hoje me pôem lágrimas gordas quando lhes retomo a leitura...

Basicamente dizias-me tudo aquilo que não tinhas dito antes.
Tudo o que sabias que eu queria ouvir, excepto aquela parte em que dizias que tinhas aprendido e que de futuro não irias perder a oportunidade nem tratar mais ninguém assim. Não sei porquê senti injustiça nelas, como se outra fosse ter o proveito do que eu vivi.

Palavras que normalmente servem para unir, ali testemunhavam o fim
Não era suposto ter sido assim...
Por mim não teria sido.

Vais casar...
Com aquEla que assumiste como a mim nunca.
Com aquEla que tirou as marcas do que tivemos
Com aquEla a quem fizeste o teu melhor...

Não me sai da cabeça, as futriquices que a tua amiga me contou, das vezes que teve convosco e da rispidez com que Ela supostamente fala contigo...
Não me sai da cabeça, as palavras que ela me contou, do que tu lhe terás dito em relação a este casamento para o qual vais contrariado... (e sim isso lembro-me, casar nunca foi o teu sonho)
Não me entra na cabeça o facto de ainda o ano passado vocês terem acabado e agora irem casar já para a semana...
E acima de tudo não te reconheci na frase:
"Ela dobrou-o..."

Devemos ter tido algo...
Talvez seja melhor ligar a desejar Felicidades...

2 comentários:

  1. eu não teria entregue a carta, mesmo que escrita.
    porque não ligar? afinal um desejar algo a alguém não passa de palavras que quase nunca mudam o que a pessoa criou...

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  2. não teria mudado nada.. a não ser talvez o efeito de perpetuar o algo que se teve numa folha de papel...
    e não liguei... mas falei com ele pela net... meio seco.. adiante.

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